terça-feira, 15 de junho de 2010

Amar sem Amor.

"Cometeu esse crime contra sua alma, contra seu amor.
E assim, tentou amar sem amor, enganava-se como podia.
Deu-se, mas jamais conseguiu entregar-se. Recebeu carinhos que lhe causavam repugnância e buscou prazeres que lhe chegavam com o triste sabor de desgosto.
O problema é que todos em volta estavam felizes com a chegada do doutor.
Suas amigas o achavam maravilhoso. Ele era um cara legal, aberto, culto, rico e engraçado.
Sua gentileza encantava as mulheres e  não provocava homens. Ele era ideial para todo mundo, mas não para ela!
A cada gesto dele, ele via o outro. A cada beijo, ela sentia o gosto do outro.
AMAR SEM AMOR É MAIS DIFÍCIL DO QUE SE ENTERRAR VIVO!
O fato é que se casaram assim mesmo! Dois anos depois que ela estava de miséria absoluta. Agora nem mais a bela estética ela via nele.
O doutor se transmudara num gari cheirando a lixo em sua alma.
Para o médico sobrara um lixo de coraçao de mulher que não se deixou vencer pela média e nem se fez cidadã da comunidade dos que pensando que um dia amaram, apenas trocam de amor como quem muda de meia.
O coraçao da mulher era vítima de um amor que nunca morreu, nem morreria e que se "rendera" apenas porque importava agradar a todos, e era essencial buscar a normalidade. Cinco anos depois ela sentia dores maiores que as saudades que um dia matavam pela ausência do seu amor, que partira para uma terra distante.
A combinação da saudade do outro com a presença do doutor, que dela demandava amor e sinceridade, haviam se tornado piores que qualquer inferno antes.
E agora? Casara-se com um "ideal" e vivera para atender a demandas de "normalidades" que obrigavam a casar sem paixão, a amar sem amor, e a esquecer aquele que nela vivia.
O conselho do livro de Cantares é para que não se tente acordar o amor "até que este o queira".
Ora, esse tipo de paixão que perpassa os anos e que não envelhece, é rara. Mas quando acontece, nem a distância consegue encontrar rugas nele. É mais forte que a morte. Nenhum homem pode "separar" tais seres. Muito menos a distância ou a calamidade. Mesmo que nunca mais se vejam, jamais deixarão de se encontrar nos aposentos do coração todas as horas do dia e da noite. Visitar-se-ão em sonhos e terão pesadelos acordados e também de olhos abertos."

do livro: O divórcio começa no namoro.